terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Treinamento Mental - Parte 1/4


O Treinamento Mental - um método de criar engramas e melhor domínio do corpo ao longo de sua vida.


    Existe uma frase de um mestre que é "Não tente! Faça ou não faça." - Ela quer dizer que a maneira como você pensa é que faz toda a diferença. As palavras que você usa também.
    Bem, e o que isso tem a ver com emagrecimento? - Talvez você tenha pensado assim. Bem, não só tem a ver como emagrecer, mas com tudo que envolve objetivos, metas, esforço e mérito. Precisamos de professores, psicólogos, coaches, mestres ou outros profissionais para nos ajudar? Talvez, mas o fato é que tendemos a pensar demais criando um status de "over-thinking", sabemos muito bem que o que conta é a qualidade sobre a quantidade e essa ironia se estende sobre a nossa maneira de pensar. Podemos pensar menos sobre determinados tópicos e com mais qualidade, eficiência.
    

    Mente - Corpo - Controle

sábado, 7 de janeiro de 2017

Do estimado amigo... dr, Jose Carlos Souto

Ensaio Clínico: Low carb reduz espontaneamente a fome (e melhora a saúde no processo)

O artigo de hoje é um pequeno ensaio clínico, publicado em 2005: Ann Intern Med. 2005 Mar 15;142(6):403-11


O objetivo do estudo foi pontual: determinar de que forma uma dieta low carb produz perda de peso, e qual o efeito desta intervenção sobre o diabetes tipo 2 e a resistência à insulina que caracteriza esta patologia.

O estudo

10 pacientes obesos com diabetes tipo 2 (3 homens e 7 mulheres) foram recrutados para participar do estudo. Todos concordaram em ficar internados por 21 dias, com controle TOTAL de tudo que comiam. Repito - este não é um estudo (falho) no qual as pessoas tentam seguir regras ou lembrar do que comeram; foi um estudo 100% conduzido dentro de um hospital, com todos os voluntários internados.

Fase inicial: dias 1 a 7. Neste período, os voluntários foram encorajados a consumir suas dietas usuais. A cafeteria do hospital forneceu tudo o que eles pediram. Itens que não estavam disponíveis no hospital podiam ser encomendados de fora, incluindo sanduíches do McDonald's, Dunkin' Donuts e biscoitos recheados Oreos. A atividade física prévia dos internos foi mantida (na academia do hospital).

Fase low carb - dias 8 a 21. Neste período, os voluntários foram colocados na fase de indução da dieta Atkins:
  • Os carboidratos foram reduzidos para 21g por dia;
  • Os voluntários podiam comer tanta proteína e gordura quanto desejassem;
  • A quantidade de queijo e de cream cheese era limitada
  • Marcas específicas de molhos e lanches permitidos pelo Dr. Atkins podiam ser consumidas, assim como os produtos da empresa Atkins;
  • 100% do que foi consumido foi pesado e anotado, e os voluntários eram aferidos todos os dias de manhã (sinais vitais e exames).
O estudo foi financiado pelo NIH e pela ADA (não, não foi financiado pelas empresas Atkins).

Resultados:

  • O grupo low carb (Atkins) perdeu peso, o peso não foi de água, e sim de gordura. 
  • Houve uma redução ESPONTÂNEA de 1000 calorias consumidas ao dia, e a quantidade de peso perdida foi exatamente a quantidade esperada para um déficit calórico dessas proporções.
Vejamos:


Como se pode ver na tabela, houve redução de cerca de 2 quilos e meio de gordura. E houve um déficit calórico de 1027 calorias em média por dia.
Aqui cabe salientar algumas coisas:
  • A taxa metabólica média, que foi medida pelo método padrão-ouro (água duplamente marcada), era de cerca de 3200 calorias por dia;
  • Neste estudo, no qual as pessoas não podiam mentir, a ingestão de comida na dieta habitualera também de cerca de 3200 calorias por dia (as pessoas imaginam que comem muito menos do que realmente comem);
  • As pessoas podiam comer a quantidade que bem entendessem de comida na fase low carb, conquanto fossem alimentos low carb compatíveis com a fase de indução de Atkins.
  • Estas pessoas, que podiam comer o quanto quisessem, desenvolveram um déficit calórico diário de MIL CALORIAS. Eu disse MIL, quando a ÚNICA intervenção foi a restrição de carboidratos para 21g por dia.
Efeitos sobre os demais parâmetros
  • As pessoas relataram a mesma quantidade de fome em low carb (com MIL calorias a menos) do que em high carb (com MIL calorias a mais).

  • A glicemia diminuiu em TODOS os pacientes (de uma média de 135 para 113:

  • 2 pacientes precisaram diminuir suas doses de insulina, 2 tiveram de diminuis as doses de hipoglicemiantes orais, e um teve de interromper o hipoglicemiante oral. Em 14 dias.
  • A hemoglobina glicada reduziu-se de 7,3% para 6,8%. Em apenas 14 dias.
  • Houve melhora de 30% na sensibilidade à insulina verificada através do teste de clamp hiperinsulinêmico euglicêmico (padrão-ouro).
É interessante notar que, como sempre, o aumento do consumo de proteínas foi irrisório. Já expliquei isso em outra postagem.

Veja a distribuição de macronutrientes no estudo em tela:


O grupo low carb, que podia consumir tanta comida quanto quisesse, desde que fosse low carb, consumiu em média 14 (CATORZE) gramas de proteína a mais do que o grupo high carb. Então, POR FAVOR, não ofenda uma dieta low carb chamando-a de "dieta da proteína". Por favor.

***

Qual a grande lição deste pequeno e bem conduzido estudo? É o fato de que, em condições de vida livre (ok, as pessoas estavam confinadas, mas podiam comer o quanto quisessem), low carb produz uma redução do consumo calórico. Não existe contradição entre a afirmação de que, para perder peso, é preciso comer menos, versus a afirmação de que para perder peso, a melhor alternativa é restringir carboidratos.

Eu sempre fico pasmo quando as pessoas citam estudos nos quais os grupos foram alimentados com dieta low carb versus dieta low fat, mas as calorias foram artificialmente mantidas iguais. Então, conclui-se que low carb e low fat são equivalentes. Isso é um argumento de uma imbecilidade atroz. Senão vejamos: eu tenho uma Ferrari e um Fiat 147 lado a lado, prestes a disputar uma corrida. Mas eu tenho uma regra: a velocidade máxima é 40 Km/h. Ambos carros terminam juntos na linha de chegada. Conclusão? A Ferrari e o Fiat 147 são equivalentes. O que interessa é a performance em condições de vida livre, é evidente!

Por outro lado, como já discuti em outras postagens, low carb não é mágica e não viola as leis da termodinâmica (veja aquiaqui e aqui). De forma que low carb não será uniformemente eficaz (como aliás soe ocorrer com QUALQUER intervenção em biologia). Uma pessoa que, mesmo comendo low carb, continue consumindo 3200 calorias, provavelmente não perderá peso. Este é um dos motivos pelos quais junk food low carb, uso excessivo de adoçantes em receitas low carb, e fat bombs tendem a ser contraproducentes. Este também é o motivo pelo qual laticínios de alta concentração calórica e alta palatabilidade, tais como queijos, podem ser complicados para algumas pessoas. Aliás, não creio ser coincidência o fato de que os únicos alimentos low carb cuja quantidade foi controlada no presente estudo foram justamente "queijo e de cream cheese".

Food for thought.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Transgênicos causam câncer ?

 http://beyond-gm.org/wp-content/uploads/2014/12/gmo-veggies.jpg

Rapidamente: A ciência não tem uma resposta definitiva para esse assunto.

É natural que diante de algo desconhecido, tenhamos medo. Mas, temos que ter confiança na ciência. Na boa ciência.

Eu compreendo quando me abordam e dizem: "Ricardo, tenho medo dessas fábricas inescrupulosas e etc." Mas, quando se trata de Alimentos Geneticamente Modificados (AGM), ainda não há nada conclusivo.

Neil DeGrease Tyson é um estupendo cientista e ele comenta o assunto abaixo, no video.

https://www.youtube.com/watch?v=Hhy0fwvMikc

Alguns chegaram a comentar o livro de David Servan:

http://carbsmart.com/wp-content/uploads/2012/09/david1-300x271.jpg 

O livro é muito bom. Aponta alguns agentes cancerígenos em potencial.
Se você está disposto a mudar radicalmente o seu estilo de vida, eu recomendo. E se gostar desse novo estilo de vida (o que eu duvido) melhor ! 

Eu recomendo adotar hábitos anti-câncer como:

- Evitar o fumo e outras drogas.
- Praticar exercícios
- Evitar alimentos industrializados, processados, embutidos...

Quem diz que AGM causam câncer, está chutando. E feio.

domingo, 4 de outubro de 2015

Dietas de baixo carboidrado NÃO são dietas de proteína !


Os vegetais de baixo amido - low carb não é ovo com linguiça

Os autores que escrevem sobre low carb em inglês usam muito duas expressões: "green leafy vegetables" e "non-starchy vegetables".

Green leafy vegetables seriam os vegetais folhosos. Coisas como alface, couve, rúcula, espinafre, chicória, etc.


Non-starchy vegetables são, literalmente, "vegetais de baixo amido". Coisas como abobrinha, couve-flor, brócolis, berinjela, aspargos, tomate, cenoura, cebola, alho, pimentão, e tantos outros.


Quase todos os dias aparece algum leitor do blog falando que não aguenta mais comer ovo, ou linguiça, ou bacon... Ou ainda que está sofrendo com constipação, ou que está enjoado com "tanta gordura". Mas de onde saiu isso?? Afinal, aqui no blog estão escritas as seguintes recomendações:
"Não há necessidade de complicar com fases, regras detalhadas, etc. aquilo que, no fundo, é simples:
1) Cortar açúcar;
2) Eliminar grãos (especialmente trigo e soja);
3) Evitar raízes ("tubérculos", em especial batatas) se você precisa perder muito peso (caso contrário, não);
4) Optar por comida de verdade;
5) Não consumir gorduras artificiais (margarinas) e evitar as refinadas (óleos extraídos de sementes);
6) Perder o medo da gordura natural dos alimentos;
Pessoal, no fundo é só isso!! Precisa de um doce? Coma uma fruta.
Tá difícil perder peso? Elimine um pouco as frutas e/ou batatas. Cada um é diferente. Cada um precisa testar em si mesmo o que funciona, e aquilo que lhe torna possível seguir com o estilo de vida de forma continuada.¨


Finalmente me caiu a ficha: muitas pessoas entram nesse mundo através do Facebook ou no Instagram, de onde copiam dicas apócrifas de indivíduos pouco ou mal informados. Ou então resolveram fazer aquela "dieta da proteína" (seja lá o que for isso), pois "ouviram falar" que emagrece. E pronto! Sua dieta se resume a carne, ovos, queijo, e bacon.

Há vários erros nisso, mas os principais são:


  1. Uma dieta LOW carb não deve ser NO carb. Dito de outra forma, trata-se de restringir açúcar, farináceos e o excesso de amido, e não de preocupar-se com alguns gramas de carboidratos em vegetais;
  2. A cetose, isto é, produzir entre 0,5 e 5 mmol/l de corpos cetônicos, compostos produzidos pela "queima" acelerada de gordura, é completamente desnecessária para que se perca peso em uma dieta low carb. Não que seja prejudicial - não é! - mas a cetose não deve ser um objetivo em si, e não deve ser obtida às custas de limitar o consumo de vegetais.


Em uma dieta low carb bem formulada, a quantidade de vegetais, em volume de comida, deve ser MAIOR que a quantidade de produtos animais. Isso é importante para a flora intestinal, para o equilíbrio nutricional da dieta, e porque só há uma unanimidade em nutrição que eu conheço: vegetais folhosos e vegetais de baixo amido estão UNIVERSALMENTE associados a bons desfechos de saúde em 100% dos estudos. Há incontáveis discordâncias em nutrição (low carb versus low fat, páleo versus vegetariana, etc.), mas isto é uma unanimidade.

Esta será uma postagem visual. Vou mostrar imagens de pratos meus, uns em restaurantes, outros em casa, que - espero - ajudem a transmitir a mensagem de que esse tipo de vegetal (vegetais folhosos e vegetais de baixo amido) pode e deve ser consumido de forma ILIMITADA em uma dieta low carb bem formulada.



Muitos vegetais de baixo amido e resto de carne de ontem
Salada com queijo ralado, azeite de oliva e vinagre balsâmico
Peixe com mais salada, após a salada acima


Salada à esquerda, e vegetais de baixo amido à direita (com cebolas dourada na manteiga)

Almoço no Aeroporto de Curitiba - salada com frango desfiado (não precisa comer fast food só porque está em um aeroporto)

À esquerda: brócolis empanados com ovo (sem farinha); à direita: moranga
Janta em hotel (seguida posteriormente de lombinho de porco)

Um prato inteiro de salada + 3 ovos = uma janta

Low Carb em restaurante é fácil! Salada antes dos grelhados.

***

Eis uma demostração do preparo de uma típica refeição low carb, que coloca em perspectiva a proporção de vegetais de baixo amido e carne:





Cebola dourada na menteiga

Após refogar tudo, acrescente a care moída (ou frango), e tempere com todo o tipo de tempero saboroso

O produto final: como alimentar 3 adultos com 6 reais de carne. E low carb.

***

A seguinte refeição segue sendo compatível com os objetivos de quem precisa perder peso, e manejar síndrome metabólica ou diabetes com uma dieta low carb:


O mesmo vale para essa:

Mas é importante que fique claro que uma dieta composta EXCLUSIVAMENTE de refeições como essas duas últimas é a principal causa das queixas como constipação e enjoo, bem como de alterações acentuadas de colesterol (como as discutidas). E, obviamente, é insustentável e indesejável no longo prazo.

Enfim, ovo com linguiça pode até ser low carb, mas low carb não se resume a ovo com linguiça.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Fome?




Artigo publicado no New York Times por Gary Taubes (do blog Menos Rótulos)


Conselhos de dieta que ignoram a Fome.
Artigo publicado por GARY TAUBES no "The New York Times" em 29/08/2015, traduzido por Regiany Floriano. O original está aqui.
Perto do fim da Segunda Guerra Mundial, os pesquisadores da Universidade de Minnesota começaram uma lendária experiência sobre a psicologia e fisiologia da inanição humana - e, portanto, sobre a fome. Foram 36 participantes, alguns magros, outros não. Durante 24 semanas, esses homens ficaram semi-esfomeados, consumindo pouco menos de 1.600 calorias por dia, com alimentos escolhidos para representar a fome durante a escassez de comida vivida em áreas da Europa: "pão de trigo integral, batatas, cereais e uma quantidade considerável de nabos e repolho" com uma "quantia simbólica" de carne e produtos lácteos.
Como dieta, seria o que os nutricionistas de hoje considerariam uma dieta de baixo teor calórico e de muito baixa gordura, com apenas 17 por cento de calorias provenientes da gordura.
O que aconteceu com esses homens é uma lição sobre nossa capacidade de lidar com a privação calórica, o que significa, também, uma lição das expectativas que se possa ter sobre as recomendações mais atuais para a perda de peso e, particularmente as do tipo que começam com "comer menos” e "reduzir a gordura”.
Os homens perderam em média uma libra (454g) de gordura corporal por semana durante as primeiras 12 semanas, mas, em média, apenas um quarto de libra (114g) por semana ao longo das próximas 12 semanas, apesar da privação contínua. E esta não foi a única reação fisiológica. Suas extremidades incharam; seus cabelos caíram; as feridas curavam lentamente. Sentiam-se continuamente frios e com o metabolismo mais lento.
Mais preocupantes foram os efeitos psicológicos. Os homens tornaram-se deprimidos, letárgicos e irritáveis. Eles tinham ataques de raiva. Perderam sua libido. Eles pensavam obsessivamente em comida, dia e noite. Os pesquisadores Minnesota chamaram isso de "neurose da semi-inanição”.
Quatro desenvolveram "neurose de caráter". Dois tiveram colapsos, um com "choro, conversas sobre suicídio e ameaças de agressão." Ele foi submetido a tratamento psiquiátrico. A "deterioração da personalidade" do outro "culminou em duas tentativas de automutilação". Ele quase arrancou a ponta de um dedo e depois cortou três com um machado.
Quando o período de fome imposta terminou, os sujeitos foram autorizados a começar a "realimentação". No início, eles foram autorizados a comer mais calorias, mas com quantidades restritas. Um pequeno grupo sob observação contínua, poderia comer até a saciedade, o que era surpreendentemente difícil de alcançar. Os homens consumiram quantidades enormes de comida, até 10.000 calorias por dia. Eles recuperaram o peso e a gordura com notável rapidez. Após 20 semanas de recuperação, tinham em média 50 por cento mais gordura corporal do que quando começaram - o que os investigadores chamaram de "obesidade pós-fome".

Implícita em muitas discussões sobre a melhor forma de perder peso é a suposição de que a fome, que é uma consequência da privação calórica, não seja um problema. As organizações de saúde e do governo dizem às pessoas com obesidade e o excesso de peso, que agora somam pouco mais de dois terços da nossa população adulta, para fazer o que os sujeitos do estudo fizeram: comer menos, reduzir as calorias.
Esse conselho considera que a fome consequente será um fardo facilmente suportável (sem depressão, letargia, irritabilidade - sem ataques de raiva, por favor!). Suportável não somente durante 24 semanas, mas por uma vida inteira. O experimento de Minnesota nos diz que, quando o período de semi-inanição termina, o período de ”realimentação” não vai acabar bem.
Este assunto de como fazer dieta e de como perder peso esteve novamente nas manchetes recentemente, quando foi publicado um estudo realizado por pesquisadores do National Institutes of Health. Os pesquisadores confinaram seus indivíduos obesos (nove mulheres, 10 homens) em uma enfermaria de hospital e os submeteram a dietas próximas à semi-inanição, alimentando-os com uma média de 820 calorias a menos por dia do que o necessário para manter seu peso. Em média cerca de 1.920 calorias por dia, sendo que uma das dietas - a dieta restrita em carboidratos - era composta por 29 por cento de carboidratos e 50 por cento de gordura e a outra – a dieta com restrição de gordura - era composta por 71 por cento de carboidratos e apenas 8 por cento de gordura.
Os indivíduos foram então obrigados a comer essas dietas, nem uma caloria a mais ou menos, durante seis dias - e não 24 semanas.
Uma autoridade do N.I.H. (National Institutes of Health) disse que o estudo fornecia “evidências valiosas sobre como os diferentes tipos de calorias afetam o metabolismo e composição corporal." Google News fez várias referências em mais de 200 entradas sobre o estudo nos primeiros três dias após a publicação.
O que diziam as manchetes? Que os sujeitos perderam mais gordura restringindo a gordura dietética do que os que restringiram o mesmo número de calorias a partir dos hidratos de carbono. "Os cientistas (meio que) resolveram o debate sobre dieta low carb verus low fat", publicou The Washington Post.
Mas o que mais atormenta nos estudos sobre nutrição são sempre os detalhes, que são encapsulados por expressões como "meio que". Se a evidência foi inestimável, como o NIH reivindicou, depende de uma série de questões. Uma experiência de seis dias é relevante para saber o que acontece ao longo de meses, anos ou uma vida inteira? Há poucas razões para pensar assim. Os seres humanos podem sobreviver (e em caso afirmativo, por quanto tempo) em uma dieta com 8 por cento de gordura? A Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas diz que 15 por cento é o limite mínimo. E cerca de 30 por cento de carboidratos é suficientemente restrito para ser considerada uma dieta baixa em carboidratos?  A dieta do NIH incluía muffins de mirtilo no café da manhã, espaguete no almoço e wraps no jantar.
Aqueles que defendem publicamente (como eu) que os grãos refinados e açúcares causam obesidade, acreditam que a perda de peso significativa requer mudanças mais significativas na qualidade de carboidratos consumida (muito menos refinado) e na quantidade (menos de 20 por cento, talvez menos do que 10%).
Finalmente, o que dizer da fome? Determinando a privação calórica por apenas seis dias, os pesquisadores parecem ter tomado a decisão implícita de que a fome - a resposta biológica à privação calórica - é irrelevante quando pensamos em uma dieta para perda de peso. Que os sujeitos poderiam estar com mais fome em uma dieta do que na outra também não foi avaliado.
A dieta de baixa gordura do estudo feito pelo N.I.H. teve significativamente menos gordura (8 por cento versus 17 por cento) e apenas 350 calorias por dia a mais do que a dieta na qual os pesquisadores de Minnesota levaram os indivíduos ao ponto de neurose de caráter e colapsos mentais. A dieta do N.I.H. tinha mais proteína também. Mas o histórico dos estudos sobre dietas (e populações humanas) sugere que a privação calórica é insustentável.
Que seres humanos ou qualquer outro organismo vá perder peso se for obrigado a passar fome suficientemente nunca foi notícia nova. O truque, se tal coisa existe, é encontrar uma maneira de fazê-lo sem fome, assim a perda de peso pode ser sustentada indefinidamente. O maior argumento das dietas de baixo carboidrato sempre foi que você pode comer à vontade, sem contagem de calorias, enquanto os carboidratos em sua maioria forem evitados.
Mas este conselho levanta um par de perguntas óbvias, ou pelo menos deveria: Se as pessoas em dietas low-carb comem menos (a explicação convencional para qualquer perda de gordura que se segue), porque eles não estão com fome? Onde está a neurose semi-inanição? E se elas não comem menos, por que elas perdem peso? Isso implica um mecanismo de perda de peso diferente da privação calórica e sugere que os hidratos de carbono e as gorduras consumidas fazem a diferença.
Questões como estas sobre a relação entre calorias, macronutrientes e fome têm assombrado os estudos de nutrição e obesidade desde o final dos anos 1940. Mas raramente elas são feitas. Acreditamos assim implicitamente na lógica de comer menos, movimentar-se mais, e que nós (pelo menos aqueles que são magros) implicitamente culpamos os obesos pelos fracassos em seguir um regime de restrição calórica, sem nunca nos perguntarmos se nós mesmos poderíamos segui-lo também. Tenho um colega que dedicou sua carreira como pesquisador estudando a fome que diz: Pedir às pessoas para comer menos, é como pedir-lhes para respirar menos. Parece razoável, contanto que você não espere que elas façam isto por muito tempo”.

Grande parte dos estudos sobre a obesidade no século passado se concentraram no esclarecimento de técnicas comportamentais que possam induzir os obesos a comer menos, tolerar melhor a fome, e assim, por esta lógica, perder peso. A epidemia da obesidade sugere que falharam.
Para aqueles que acreditam que a fome é de alguma maneira "coisa da sua cabeça", ao invés de uma poderosa resposta biológica devida à privação calórica, é tentador desejar-lhes o mesmo destino que a deusa Ceres impôs ao rei Erysichthon da Tessália, na mitologia grega. Ela "concebeu um castigo para despertar a piedade dos homens... atormentá-lo com a Fome maligna". Erysichthon então comeu sem parar até perder seu castelo e seu reino e, no final, morreu "alimentando-se, pouco a pouco, do seu próprio corpo."

***

sábado, 11 de outubro de 2014

Fed Up - Legendado

Documentário IMPERDÍVEL de algo que venho falando há anos ...



- O problema não é alimento gorduroso;
- O problema não é falta de exercício físico;
- O problema não é ser preguiçoso;

O PROBLEMA É O CONSUMO EXAGERADO DE AÇÚCAR E SEUS DERIVADOS!

https://drive.google.com/file/d/0Bxi76MMvNa4JUXVwNEQ5c0tFa3M/edit